Durante esse período de invasão, funcionários da prefeitura foram até o local e cadastraram os invasores. Na última segunda-feira, eles tiveram uma reunião com o prefeito no Centro Administrativo e, na manhã de terça-feira (7), um oficial de Justiça foi até a área, acompanhado por viaturas de Rondas Ostensivas Táticas Municipais (Rotam), Grupo de Intervenções Rápidas Ostensivas (Giro) e viaturas de área, para notificar os invasores. Eles foram notificados e, no ofício, constava que os invasores teriam até as 16h de ontem para desocupar o local. Caso contrário, a desocupação seria feita com o apoio da Polícia Militar.
Na tarde de ontem, os invasores realizaram um protesto contra o prefeito Anderson Adauto. Foi feito um caixão simbólico com o nome do prefeito e dizeres como "Caixa-dois" e "Mensalão". Em seguida, os manifestantes atearam fogo no caixão, nos colchões e em pneus, interditaram a rua de acesso com uma caçamba de lixo, colocaram arames para servir de barricadas e aguardavam a chegada dos oficiais de Justiça, maquinários da prefeitura e a PM, o que não aconteceu.
Segundo o pintor Nivaldo Soares de Oliveira, ele acha um absurdo as pessoas serem retiradas da área que havia sido doada para os ciganos que não quiseram e foram para as margens da rodovia BR-050. "É um absurdo e uma falta de consideração com a gente. Porque quando a área foi doada para os ciganos, eles não quiseram e foram para outro lugar. Agora nós, que não temos onde morar, não podemos ficar aqui. Será que os ciganos são melhores do que a gente?", questiona Nivaldo.
Não se confirmou na tarde de ontem a notícia de que a Polícia Militar iria fazer a retirada dos posseiros de áreas invadidas no bairro Cidade Ozanan. Uma operação de guerra foi armada pelos invasores, que prometem resistência à ordem de desocupação da área, dada pelo juiz Lúcio Eduardo de Brito em liminar concedida a pedido de reintegração de posse impetrado pelo município.
Uma barricada de pneus e colchões regados a óleo queimado estava pronta para ser usada como proteção contra a invasão de policiais e tratores. Uma caçamba fechou a entrada da área pelo Cidade Ozanan, onde posseiros montavam guarda para impedir a passagem de quem não estivesse autorizado a entrar no acampamento, onde o advogado Adriano Espíndola estava reunido com dezenas de pessoas.
Até uma barreira de tábuas com pregos foi colocada próximo à entrada, para evitar a entrada de viaturas. Uma cortina de fumaça cobria parte do acampamento, indicando que os posseiros estão dispostos a tudo para defender a permanência no grupo na área. Um pequeno caixão simbólico, com o nome de Anderson Adauto, foi queimado, numa alusão de que a esperança no prefeito havia morrido.
O grupo também fechou a entrada da área com acesso pelo bairro Jardim Maracanã, onde queimaram grande quantidade de pneus velhos. A expectativa era quanto à chegada da Polícia Militar, mas, segundo informações, militares do Serviço de Inteligência estiveram no local, quando perceberam a intenção de resistência do grupo, abortando a operação de reintegração de posse.
O comandante do 4º BPM, tenente-coronel Sidney Araújo, informou à reportagem do Jornal da Manhã que a operação estava pronta, inclusive com parecer do Comando Geral. Todos os recursos solicitados à Prefeitura e ao Judiciário haviam sido disponibilizados. Entretanto, o Comando aguardava o cumprimento da determinação judicial, que era de desocupação até as 16h de ontem, o que não ocorreu.
Quanto à intervenção militar, Sidney preferiu não comentar se haverá alguma operação nas próximas horas. O prazo para desocupação foi dado pela Polícia Militar, na terça-feira, quando acompanhou oficial de Justiça para solicitar a desocupação do terreno. Representante jurídico do movimento alega que a operação está em desacordo a posicionamento do juiz Lúcio Brito, pois este analisa petição referente a mais tempo para a saída dos sem-teto.
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