quinta-feira, 9 de abril de 2009

Sem-Tetos de Uberaba resistem!


Por Terra Livre/Triângulo MG

Os sem-teto de Uberaba resistem ao despejo. Ontem (08/04) era o dia indicado para o despejo das 1000 famílias no bairro Ozanan.  As famílias não tem para onde ir, e o prefeito Anderson Adauto (Ex-ministro dos transportes de Lula) não tem qualquer disposição em resolver o problema. Para ele não existem sem-tetos em Uberaba.

Os acampados mostraram organização e disposição a resistir no local, montando barricadas. Um caixão representando o prefeito Anderson Adauto foi queimado, mostrando a indignação das famílias com a prefeitura, que nunca zelou pelo terreno. Antes da ocupação a área servia como lixão, local de desova de cadáveres e onde aconteceram vários estupros, pela falta de iluminação. Somente depois que as famílias ocuparam a área, a prefeitura demonstrou interesse dizendo que a área é muito cara para servir para moradias populares.

A Terra Livre, movimento popular do campo e da cidade apóia a luta dos sem-tetos de Uberaba. Enviem moções de repúdio à Prefeitura, que é proprietária do terreno e autora do processo de reintegração de posse.

Prefeito Anderson Adauto: prefeito@uberaba.mg.gov.br 

Terra Livre
Regional Triângulo Mineiro



MODELO DE MOÇÃO DE REPÚDIO

Nós do(a)   [Entidade, movimento, etc.]     repudiamos a ação do prefeito de Uberaba Anderson Adauto pela maneira truculenta que pretende resolver o problema de falta de moradias. Ao invés de construir casas, manda a polícia jogar as cerca de mil famílias que não tem onde ir na rua.
A área hoje, depois da ocupação das famílias está muito mais cuidada, limpa e segura do que antes, quando servia apenas como lixão e palco de diversos crimes.

Todo apoio às famílias sem teto de Uberaba.
Exigimos que o direito à moradia seja cumprido.
Não ao despejo.
Reforma Urbana Já!

   [Assinatura da Entidade, movimento, etc.]   
   [Local e Data]   





Veja as notícias de hoje (09/04/2009) em Uberaba:

Sem-tetos permanecerão por mais cinco dias na área ocupada há mais de um mês
(09/04/2009 - 8h445)
nvasores realizarão protesto e continuarão ocupando a área que fica entre o aeroporto e o bairro Ozanan. A área (parte privada e parte pública) foi invadida por mais de 1.300 famílias de sem-tetos há mais de um mês. Eles alegam que o local serve para esconderijo de produtos de crime, abrigo para usuários de drogas e depósito de entulho, além de afirmarem que a área que estava abandonada há mais de 15 anos foi doada para os ciganos, que moram às margens da rodovia BR-050, ao lado do bairro Estrela da Vitória. 
Durante esse período de invasão, funcionários da prefeitura foram até o local e cadastraram os invasores. Na última segunda-feira, eles tiveram uma reunião com o prefeito no Centro Administrativo e, na manhã de terça-feira (7), um oficial de Justiça foi até a área, acompanhado por viaturas de Rondas Ostensivas Táticas Municipais (Rotam), Grupo de Intervenções Rápidas Ostensivas (Giro) e viaturas de área, para notificar os invasores. Eles foram notificados e, no ofício, constava que os invasores teriam até as 16h de ontem para desocupar o local. Caso contrário, a desocupação seria feita com o apoio da Polícia Militar.
Na tarde de ontem, os invasores realizaram um protesto contra o prefeito Anderson Adauto. Foi feito um caixão simbólico com o nome do prefeito e dizeres como "Caixa-dois" e "Mensalão". Em seguida, os manifestantes atearam fogo no caixão, nos colchões e em pneus, interditaram a rua de acesso com uma caçamba de lixo, colocaram arames para servir de barricadas e aguardavam a chegada dos oficiais de Justiça, maquinários da prefeitura e a PM, o que não aconteceu.
Segundo o pintor Nivaldo Soares de Oliveira, ele acha um absurdo as pessoas serem retiradas da área que havia sido doada para os ciganos que não quiseram e foram para as margens da rodovia BR-050. "É um absurdo e uma falta de consideração com a gente. Porque quando a área foi doada para os ciganos, eles não quiseram e foram para outro lugar. Agora nós, que não temos onde morar, não podemos ficar aqui. Será que os ciganos são melhores do que a gente?", questiona Nivaldo.

Juliano Carlos


PM adia desocupação para evitar confronto
(09/04/2009)

Não se confirmou na tarde de ontem a notícia de que a Polícia Militar iria fazer a retirada dos posseiros de áreas invadidas no bairro Cidade Ozanan. Uma operação de guerra foi armada pelos invasores, que prometem resistência à ordem de desocupação da área, dada pelo juiz Lúcio Eduardo de Brito em liminar concedida a pedido de reintegração de posse impetrado pelo município.

Uma barricada de pneus e colchões regados a óleo queimado estava pronta para ser usada como proteção contra a invasão de policiais e tratores. Uma caçamba fechou a entrada da área pelo Cidade Ozanan, onde posseiros montavam guarda para impedir a passagem de quem não estivesse autorizado a entrar no acampamento, onde o advogado Adriano Espíndola estava reunido com dezenas de pessoas.

Até uma barreira de tábuas com pregos foi colocada próximo à entrada, para evitar a entrada de viaturas. Uma cortina de fumaça cobria parte do acampamento, indicando que os posseiros estão dispostos a tudo para defender a permanência no grupo na área. Um pequeno caixão simbólico, com o nome de Anderson Adauto, foi queimado, numa alusão de que a esperança no prefeito havia morrido.

O grupo também fechou a entrada da área com acesso pelo bairro Jardim Maracanã, onde queimaram grande quantidade de pneus velhos. A expectativa era quanto à chegada da Polícia Militar, mas, segundo informações, militares do Serviço de Inteligência estiveram no local, quando perceberam a intenção de resistência do grupo, abortando a operação de reintegração de posse.

O comandante do 4º BPM, tenente-coronel Sidney Araújo, informou à reportagem do Jornal da Manhã que a operação estava pronta, inclusive com parecer do Comando Geral. Todos os recursos solicitados à Prefeitura e ao Judiciário haviam sido disponibilizados. Entretanto, o Comando aguardava o cumprimento da determinação judicial, que era de desocupação até as 16h de ontem, o que não ocorreu.

Quanto à intervenção militar, Sidney preferiu não comentar se haverá alguma operação nas próximas horas. O prazo para desocupação foi dado pela Polícia Militar, na terça-feira, quando acompanhou oficial de Justiça para solicitar a desocupação do terreno. Representante jurídico do movimento alega que a operação está em desacordo a posicionamento do juiz Lúcio Brito, pois este analisa petição referente a mais tempo para a saída dos sem-teto.

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