terça-feira, 31 de março de 2009

Milhares vão às ruas contra a crise e as demissões

Este é o primeiro passo; a mobilização deve continuar


Hoje (dia 30) os trabalhadores realizaram manifestações contra as demissões, por estabilidade no emprego e outras reivindicações em todo o país. O dia de protesto, organizado pelas centrais sindicais, movimentos sociais e estudantil e partidos de esquerda, contou com manifestações, fechamento de rodovias, assembléias e paralisações em locais de trabalho em todas as capitais brasileiras.

A manifestação nacional ocorreu em São Paulo, com uma passeata que durou cerca de cinco horas e reuniu cerca de sete mil pessoas – a organização chegou a anunciar dez mil, quando a passeata percorria a avenida Paulista. A atividade teve início na Avenida Paulista realizando protestos em frente à FIESP, o Banco Central, a Caixa Econômica Federal. Desceu ainda a rua Consolação, com encerramento em frente ao Teatro Municipal, no centro da cidade.

O protesto nacional foi organizado por 21 entidades, entre elas a CONLUTAS, CTB, CUT, FORÇA SINDICAL, INTERSINDICAL, CGTB, NCST, Assembléia Popular, Cebrapaz, CMB, CMS, CONAM, CONLUTE, MST e MTST.

Essa foi a primeira mobilização unificada desde o anúncio da crise econômica. De acordo com o dirigente da Conlutas, Zé Maria, foi um grande dia de luta. “Conseguimos a unidade de ação sabendo preservar as diferenças. Mas é necessário dar o próximo passo na luta contra as demissões: todas as centrais sindicais precisam exigir que o governo Lula garanta uma lei que garanta a estabilidade no emprego”, ressalta Zé Maria após a manifestação.

30 de março: o dia nacional de luta nas capitais
(cobertura ainda parcial)

SÃO PAULO
GM de SJC - No estado de São Paulo as manifestações começaram cedo. Cerca de 2 mil trabalhadores da GM – turno da manhã – realizaram um protesto na avenida General Motors, paralela a via Dutra, na madrugada desta segunda-feira para abrir o Dia Nacional de Lutas. O ato foi organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José, filiado à Conlutas. Os metalúrgicos fizeram uma passeata que percorreu aproximadamente dois quilômetros. Com faixas e bandeiras, os operários protestaram contra as 802 demissões realizadas pela montadora no começo do ano e a ameaça de novos cortes. Na última sexta-feira, a GM prorrogou, pela quarta vez, a licença-remunerada de um grupo de 600 trabalhadores da planta de São José dos Campos. O Sindicato teme novas demissões e já marcou uma assembléia com todos os metalúrgicos afastados da empresa.

Rodovias - O MTST e entidades que participam do dia de luta, “trancaram” estradas importantes rodovias no estado de São Paulo para denunciar os efeitos da crise sobre os trabalhadores. Entre a rodovias que tiveram o tráfego interrompido estavam a Anhangüera, na altura de Sumaré, a Francisco Morato, a Régis Bittencourt e a avenida dos Autonomistas. Também foram realizadas manifestações em frente as prefeituras de Osasco e Guarulhos.
Campinas – Os trabalhadores terceirizados da Petrobrás realizaram assembléia para marcar o dia e protestos. Além disso, houve agitação em fábricas químicas e operação tartaruga na Unicamp.
Bauru – Um ato no centro da cidade contou com a organização de centrais sindicais e movimentos sociais.


RIO GRANDE DO SUL

Porto Alegre - Uma grande manifestação reuniu mais de 6 mil pessoas em Porto Alegre. A passeata saiu do prédio administrativo da Gerdau em direção à área de concentração bancária, onde foram realizadas pequenas paralisações. Os protestos foram contra a crise e as demissões, por emprego e salário, pela manutenção e ampliação de direitos, pela redução dos juros e da jornada de trabalho sem redução de salários, pela reforma agrária e em defesa dos investimentos em políticas sociais.
Depois, os manifestantes seguiram até o Palácio Piratini onde se encontraram com os estudantes e os servidores públicos e realizaram o ato final contra a crise e contra a governadora Yeda Crusius. Nos discursos as lideranças sindicais e estudantis pediam “Fora Yeda”. Os manifestantes denunciaram as acusações de corrupção e desvio de verbas de várias áreas do governo, assim como o fechamento de escolas e a instalação de salas de aula em containeres, “as salas de lata”.

Participaram da manifestação diversas entidades. Entre elas, CONLUTAS, CUT, CTB, MST, VIA CAMPESINA, MTD, INTERSINDICAL, CPERS, GRÊMIOS, DCE UFRGS.


RIO DE JANEIRO

Atividade unitária reuniu 3.000 pessoas. A passeata tomou conta da avenida Rio Branco com parada em frente ao BNDES e à Petrobrás. A presença dos estudantes chamou atenção na manifestação carioca. Participaram: CONLUTAS, CTB, CUT, FORÇA SINDICAL, INTERSINDICAL, UGT, CONDSEF, DCE/UFF, DCE /UFRJCMP, CPM, MTD, MST, LS, UJC, PCB, PC do B, PSOL, PSTU.


BRASÍLIA

Ato reuniu 500 pessoas em frente ao Banco Central. Depois os manifestantes, com faixas e bandeiras, foram em passeata para a Esplanada dos Ministérios e encerraram a atividade em frente ao Supremo Tribunal Federal.
Participaram da manifestação CONLUTAS, FORÇA SINDICAL, CTB, CGTB, NCST, INTERSINDICAL, CUT, SINTFUB, SINDESEP, Sindicato dos Bancários, CONDSEF, FETRAF, Assembléia Popular, MST e MTD.


RIO GRANDE DO NORTE

Natal – Nesta capital os protestos também começaram no amanhecer. Houve atraso nos trens urbanos e na abertura do Detran, da Funasa, do Incra e do Inss. Além disso aconteceu um protesto com paralisação no HSBC e houve agitação e panfletagens nas garagens de ônibus e na industria têxtil.
Às 14h houve um ato unificado na praça Gentil Ferreira, seguido de passeata, com a presença de 600 pessoas. A atividade foi organizada pela CONLUTAS, CTB, IINTERSINDICAL, MST, CMP e FORÇA SINDICAL.

PERNAMBUCO

Recife - Uma manifestação reuniu cerca de 300 pessoas na porta da FIEPE (Federação das Industrias de Pernambuco). Um manifesto foi entregue aos empresários denunciando as demissões e alertando que os trabalhadores não estão dispostos a pagar pela crise. Depois seguiram em passeata até ao Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo do Estado. Participaram da atividade: CONLUTAS,CUT,CTB,FORÇA SINDICAL,UGT,NOVA CENTRAL, MST, ANDES,UCS, PCB, PSOL, PSTU, MTL E INTERSINDICAL.


CEARÁ

Fortaleza – Trabalhadores da construção civil paralisaram sete canteiros de obras e, no final da manhã, 700 operários saíram em passeata pela ruas da cidade. A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, filiado à Conlutas, e contou como o apoio do Sindicato das Trabalhadoras da Confecção Feminina, da Oposição Rodoviária, da Oposição Sindiute e de militantes do PSTU.
Na parte da a tarde aconteceu ainda uma passeata unificada que contou com a presen~ca de 600 pessoas.

BAHIA

Salvador - Militantes da CONLUTAS realizaram protestos na BR 324. Nessa estrada passam trabalhadores da construção civil, petroleiros, metalúrgicos, químicos, borracheiros. A CUT e a CTB que tinham se comprometido a participar da atividade não foram na manifestação.

MARANHÃO

São Luis – O dia de lutas começou cedo com uma manifestação em frente ao Campus da Universidade Federal do Maranhão, na BR que dá acesso a cidade. 200 pessoas de várias categorias participaram da atividade que contou com a organização da CONLUTAS, da CUT e da CTB. A atividade terminou com um ato na Praça Deodoro.


SERGIPE

Aracaju - Os petroleiros realizaram assembléias para discutir a proposta da empresa e marcar sua participação na manifestação unificada das centrais. Essas assembléias reuniram 700 trabalhadores.
Também ocorreu um ato unificado na Praça da Bandeira, no centro da cidade, que contou com a participação de cerca de 400 pessoas. A atividade foi organizada pela CONLUTAS, CUT, MST, MTU e juventude.

ALAGOAS

Maceió - Agitação no centro da cidade com 50 pessoas.


PIAUÍ

Teresina – Um ato unificado da CONLUTAS, FETAG, MST, CUT, ASNAB, CONAB, SINSEP e outras entidades aconteceu na praça da Liberdade e reuniu 200 pessoas. Em seguida foram em passeata até o Palácio do Karnak, sede do governo estadual, onde fizeram o encerramento da atividade.


PARÁ

Belém – Uma manifestação reuniu duas mil pessoas no centro de Belém. A forte presença dos servidores municipais (Asfunpapa, saúde, educação e outros), que paralisaram suas atividades por um dia, foi destaque no protesto. A atividade foi organizada pela CONLUTAS, CUT, MST e outras entidades.

MINAS GERAIS

Belo Horizonte - Houve uma agitação na praça Sete com a participação de 150 pessoas.

Uberlândia - Apesar das chuvas houve animada mobilização. Reuniram-se na Praça Tubal Vilela, no centro de Uberlândia diversos sindicatos e movimentos, entre eles: CONLUTAS, CUT, FORÇA SINDICAL, SECUA, SIND-UTE, SINTET-UFU, SINTICOM-TAP, STTRU, DCE-UFU, CONTRACS-CUT, TERRA LIVRE, MPRA, MTL, PT, PSTU, PSB.


GOIÁS

Goiânia – Um ato unitário da CONLUTAS-G0, CUT, FORÇA SINDICAL E MST. Partidos presentes: PSTU, PSOL, PCB e PT. A concentração teve início na praça do Bandeirante e, em seguida, todos se dirigiram até a FIEG - Federação da Indústria. Uma nova passeata foi até a praça Cívica (Palácio do Governo), cujo tema central do protesto foi a denúncia do sucateamento e privatização da CELG e pela CPI de seu endividamento.
Estiveram presentes 500 pessoas do STIUEG, SINDQF, SINDIALIMENTO, ANDES, CONLUTE, DCE (estudantes) e Terra Livre, Sem Teto, Sem Terra e os sindicatos SINTEGO, SINTSEP, SINDFESP, SINDSAUDE, filiados à CUT, além da presença de dois parlamentares (PT e PC do B).


FONTE: CONLUTAS
Fotos: Diego Cruz (ato de São Paulo), CTB (ato de Porto Alegre e ato de Belém) e APN (ato do Rio de Janeiro)

Solidariedade ao MPRA

Por Terra Livre Triângulo Mineiro

Nós da TERRA LIVRE, movimento popular do campo e da cidade, repudiamos a ação do INCRA-MG contra o MPRA [Movimento Popular Pela Reforma Agrária] que há mais de dois anos ocupa a fazenda Cabaça, um latifúndio que, segundo o próprio INCRA-MG, é improdutivo.

Agora, depois de tanto esforço das pessoas que estão na área para recuperá-la e tentarem, mesmo sem nenhum auxílio do governo, tirar dali o seu sustento, o INCRA marcou uma audiência de negociação e indica o despejo das famílias para retornar a posse da fazenda à proprietária.

A audiência acontecerá no dia 01 de abril, às 13:00, no fórum de Uberlândia (MG). Neste dia da mentira, todos precisamos ir ao Fórum de Uberlândia desmascarar a Reforma Agrária de mercado do Governo Lula, que atende mais aos interesses dos latifundiários que do povo brasileiro.

Todo apoio ao MPRA!
Reforma Agrária sob o controle dos trabalhadores!


Terra Livre
Regional Triângulo Mineiro
(34) 8806 6625
terralivre.trmg@gmail.com
www.aterralivre.blogspot.com


Segue abaixo a nota do MPRA:

Nota de repúdio à ação do INCRA-MG

O Movimento Popular pela Reforma Agrária - MPRA, ocupa a área da fazenda Cabaça, no município de Uberlândia ha aproximadamente 2 anos. A fazenda foi vistoriada pelo Incra e o laudo indicou sua improdutividade. Confiantes de que seriam assentadas ali, as 35 famílias iniciaram o cultivo da terra. Plantaram cará, mandioca, milho, hortaliças, num total de 10 hectares. A proprietária da fazenda questionou o laudo do Incra e após uma "negociação" forjada conseguiu alterá-lo indicando a fazenda como área produtiva. Agora, depois de tanto esforço das pessoas que estão na área para recuperá-la e tentarem, mesmo sem nenhum auxílio do governo, tirar dali o seu sustento, o Incra marcou uma audiência de negociação e indica o despejo das famílias para retornar a posse da fazenda à proprietária. A audiência acontecerá no dia 01 de abril, às 13:00, no fórum de Uberlândia-Mg. O MPRA denuncia este ato de desrespeito e indignidade do poder público e conclama à sociedade nesta campanha para desmascarar a falsa Reforma Agrária do governo federal e o atrelamento do Incra-Mg com os interesses dos latifundiários.

saudações revolucionárias,

Movimento Popular pela Reforma Agrária


ENVIE NOTAS DE APOIO AO MPRA PARA:


E-Mail do MPRA: gentedaterra@gmail.com
E-Mail do INCRA-MG: comunicacao@bhe.incra.gov.br
INCRA NACIONAL: presidencia@incra.gov.br

domingo, 29 de março de 2009

Polícia prende jagunços

Nota à imprensa

Na madrugada do dia 22 de março 80 famílias ligadas à TERRA LIVRE ocuparam a Fazenda Guarany, um grande latifúndio na Cidade de Goiás.


No dia 24 do mesmo mês, a proprietária da fazenda contratou 3 jagunços, que foram até a ocupação para com ameaças expulsar as famílias sem qualquer ação judicial.

Felizmente neste caso a policia agiu rápido e prendeu os três jagunços quarta dia 25/03.

Coordenação Estadual/GO

Terra Livre


(062) 8412 6373
(062) 3093-7572

www.aterralivre.blogspot.com
terralivre.go@gmail.com

Essa crise não é nossa!

Lutar pra não pagar a crise dos ricos


Por Terra Livre


A ganância dos ricos está levando o mundo à crise mais uma vez. Para salvar os seus privilégios, banqueiros, “investidores”, especuladores e grandes empresários se apropriam mais das riquezas da nossa sociedade. Os governos, o parlamento e a Justiça, defendendo os ricos, retiram os direitos dos trabalhadores e gastam todo o dinheiro público com os pacotes “para contornar a crise”. Desde setembro, foram centenas de bilhões de reais que o governo Lula deu aos bancos e empresas multinacionais, os mesmos que vão aprofundar a crise e desempregar.


Para a grande massa dos trabalhadores resta se defender ocupando terra para produzir, terrenos para morar, fazendo greves para não ficar desempregado ou sem aposentadoria. Mas não basta se defender! Dos trabalhadores é que virá a verdadeira saída para a crise. Com a nossa auto-organização, através dos movimentos sociais, nós podemos impor aos governos que os recursos públicos sejam usados para empregar, garantir os direitos trabalhistas, em educação e saúde. Podemos impor a reforma agrária que pode baratear o alimento e devolver a terra que é de todos, é do povo brasileiro. Organizados, podemos transformar a cidade, onde todos podem morar com dignidade, trabalhar e se divertir, e onde podemos fazer a indústria produzir para o bem de todos, e não para a exploração e lucros exorbitantes da burguesia.


Essas são as formas de acabar com a crise e evitar as próximas, com igualdade e justiça social e uso consciente dos nossos recursos, construindo o socialismo. E isso só ocorre com a organização e ação dos trabalhadores, no movimento social cotidiano, distribuindo as riquezas e construindo uma terra sem classe dominante. UMA TERRA LIVRE!


A Terra Livre participa da jornada nacional de lutas no dia 30 de Março em manifestações em:


Goiânia
Manhã – Ato às 9 horas na Pça. Bandeirante, com passeata até a FIEG
Manifestação em frente ao Governo do Estado contra a privatização da CELG

Uberlândia
Ato unificado, do qual participarão a CONLUTAS, CUT, CTB, FORÇA SINDICAL, TERRA LIVRE, MPRA, MST, entre outras entidades e movimentos. Concentração às 15 horas na Praça Tubal Villela, no Centro da cidade.

Ouro Preto
Dia de lutas

São Paulo
10 horas – Ato unificado na Avenida Paulista

DIA 30 de Março TODOS ÀS RUAS CONTRA O DESEMPREGO!
ESSA CRISE NÃO É NOSSA!

Nota de repúdio à ação do INCRA-MG

Por MPRA - Movimento Popular pela Reforma Agrária

O Movimento Popular pela Reforma Agrária - MPRA, ocupa a área da fazenda Cabaça, no município de Uberlândia ha aproximadamente 2 anos. A fazenda foi vistoriada pelo Incra e o laudo indicou sua improdutividade. Confiantes de que seriam assentadas ali, as 35 famílias iniciaram o cultivo da terra. Plantaram cará, mandioca, milho, hortaliças, num total de 10 hectares. A proprietária da fazenda questionou o laudo do Incra e após uma "negociação" forjada conseguiu alterá-lo indicando a fazenda como área produtiva. Agora, depois de tanto esforço das pessoas que estão na área para recuperá-la e tentarem, mesmo sem nenhum auxílio do governo, tirar dali o seu sustento, o Incra marcou uma audiência de negociação e indica o despejo das famílias para retornar a posse da fazenda à proprietária. A audiência acontecerá no dia 01 de abril, às 13:00, no fórum de Uberlândia-Mg. O MPRA denuncia este ato de desrespeito e indignidade do poder público e conclama à sociedade nesta campanha para desmascarar a falsa Reforma Agrária do governo federal e o atrelamento do Incra-Mg com os interesses dos latifundiários.

saudações revolucionárias,

Movimento Popular pela Reforma Agrária

quinta-feira, 26 de março de 2009

Mudança no Plano Diretor é marca da gestão em favor das corporações

Fonte: CORREIO DA CIDADANIA

Escrito por Valéria Nader e Gabriel Brito
20-Mar-2009


Gilberto Kassab se elegeu prefeito de São Paulo há poucos meses com promessas que, apesar do país desmemoriado que somos, ainda estão na lembrança dos paulistanos, como a de investimentos para o combate ao depauperado setor dos transportes públicos. No entanto, apoiando-se na crise que já era no mínimo iminente à época das eleições, começa a anunciar cortes de orçamento para alguns setores.

Com vistas a tratar de alguns temas da cidade de mais evidência neste início de ano, o Correio da Cidadania entrevistou o deputado federal do PSOL Ivan Valente, candidato nas eleições municipais passadas. Para ele, trata-se da clara demonstração de como as políticas da cidade estão voltadas aos setores que "mandam na cidade", isto é, imobiliário e de grandes corporações responsáveis por obras estruturais.

Valente afirma que a atual gestão prioriza o ajuste fiscal, o que implica em que as promessas não serão cumpridas. De acordo com o deputado, está em andamento uma política de enfraquecimento do Estado e da sociedade civil nas grandes decisões da cidade, o que fica escancarado na tentativa de aprovar projeto de lei que modifica o plano diretor da cidade e promove um claro ataque aos setores sociais.

A íntegra da entrevista pode ser conferida a seguir.

Correio da Cidadania: Como o senhor enxerga o corte de verbas anunciado por Kassab em alguns setores, como o dos transportes públicos, contrariando suas promessas de campanha logo no início do mandato?

Ivan Valente: Acho que a lógica do Kassab, do DEM, é a do ajuste fiscal, que na verdade sempre foi uma prioridade deles: fazer o ajuste fiscal e pagar religiosamente a dívida pública do município, cujos dispêndios equivalem a 13% da arrecadação fiscal.

Um exemplo disso ele deu quando declarou ser contra mexer na renegociação da dívida, sendo que há muitos governadores e prefeitos mexendo.

A lógica dele é de ajuste fiscal; portanto, não cumprirá as promessas de campanha. Basta ver que ele gastou muito mais em propaganda que em obras de prevenção a enchentes (R$ 19,3 milhões a R$ 17 milhões).

CC: Realmente, mal começou o ano e a cidade já sofreu muito com enchentes, tendo gerado focos de revolta em alguns pontos – ao mesmo tempo em que o prefeito diz não haver condições de solucionar rápido tal problema. Acredita que a prefeitura terá sensibilidade de ouvir reclamos específicos da população ou a crise poderá ser desculpa para toda e qualquer falta de investimento?

IV: Acho que a crise irá se transformar numa grande desculpa para o não atendimento às prioridades populacionais, pois vão alegar, entre outras coisas, queda na arrecadação de impostos etc.

Porém, mexer na dívida pública do município ninguém quer, pois mexe com bancos, com a lei de responsabilidade fiscal e por aí vai.

Portanto, eles vão realmente alegar as razões da crise e os maiores prejudicados serão aqueles que necessitam dos serviços públicos essenciais. O atendimento à saúde pública, à educação, o direito ao saneamento básico, à moradia popular de boas condições, tudo isso, certamente, sofrerá um adiamento.

O que vemos são mais ações de impacto midiático do que de resolução dos problemas estruturais da cidade, uma vez que para tal é preciso enfrentar setores poderosos. Seria preciso enfrentar o setor imobiliário, os sonegadores de impostos, fazer uma reforma tributária de IPTU progressivo, estabelecer parâmetros de participação popular (do que o Kassab não quer nem ouvir falar), fazer eleição direta para subprefeitura, a fim de que se pudesse cobrar e fiscalizar de perto... Em suma, todas as questões que defendemos para o programa da cidade.

CC: O que pensa dos esforços da prefeitura para alterar drasticamente o Plano Diretor da cidade, comprometendo, ao que parece, vastos setores de direitos sociais, como educação, saúde, assistência social, cultura, esportes, lazer etc., e sem uma discussão mínima com a sociedade?

IV: Esse é um problema muito grave. Acho que a prefeitura, como disse há pouco, já na gestão Serra, e agora também, trata as questões da estrutura urbana segundo a lógica da especulação imobiliária, dos interesses de grandes corporações, das operações urbanas e da desregulamentação da cidade, para conceder privilégios a pequenos grupos da sociedade.

O caso da Cracolândia é um exemplo. Eles querem fazer uma limpeza racial, limpar os pobres da cidade e facilitar a valorização dos imóveis do centro com a criação de centros culturais.

No entanto, a população claramente não tem vez nem voz nesse processo. Certamente faltam recursos para a saúde pública, educação, mas essas operações urbanas e mudanças no Plano Diretor do município ficam sob pressão exatamente do setor mais privilegiado da sociedade.

CC: Reforçando essa lógica orçamentário-fiscalista na questão urbana, a prefeitura enviou, por exemplo, à Câmara projeto de lei que permite que a municipalidade conceda para empresas privadas o poder de realizar intervenções urbanas, inclusive efetuando desapropriações em nome do poder público. O que pensa de um projeto desses?

IV: É de muita gravidade, pois se trata da terceirização do poder de decidir para a iniciativa privada, o que considero gravíssimo. É a lógica do PFL-DEM e PSDB, de enfraquecer o papel do Estado, e particularmente da sociedade civil, em nome da palavra modernização.

Porém, o que estão fazendo de verdade é trabalhar contra o interesse público. Sem dúvida, os grandes beneficiários dessas operações são as grandes corporações – imobiliárias, megainvestimentos transnacionais e assim por diante.

CC: Ao mesmo tempo, têm sido realizados controvertidos despejos nas periferias da cidade, inclusive muitos deles com a justificativa de proteção ambiental. O que pensa destes despejos? Especialmente nesse momento de crise econômica profunda, não são uma grande temeridade?

IV: Já se tem a história do Edifício São Vito, a respeito de não cumprimento de promessas com os moradores. Vemos, inclusive, o sanfonamento de edifícios públicos, como o da Receita, na Avenida Tiradentes, para evitar que movimentos sociais de moradias entrem nessas áreas.

Rigorosamente, não temos um planejamento estratégico urbano. Existem 50 mil unidades vazias no centro da cidade e a população é empurrada para a periferia. Ou seja, eles empurram as populações de áreas que já possuem infra-estrutura e serviços públicos instalados. A tal revitalização do centro servirá para expulsar a população pobre da região, deslocando-a para periferias sem a menor estrutura urbana.

Isso tudo é de imensa racionalidade, mas mostra que o espaço urbano está dominado por aqueles que mandam na cidade. E os governantes seguidamente têm servido a essas grandes corporações, que estão exercendo interferência no Poder Executivo.

CC: Em 2009, começaram a ser mais sentidos os efeitos da crise econômica. O que pensa que está por vir em nossa metrópole nesse período de duração ainda incerta e com todo o mandato do prefeito pela frente?

IV: Para mim, essa será uma crise de profundidade e longa duração. Vejo um cenário de duração longa. Trata-se de uma crise mundial, o Brasil é um país dependente, que se reprimarizou, que não construiu alternativas no mercado interno de massas, é ultradependente de crédito e, portanto, seremos duramente atingidos pela crise.

Isso significa que há um impacto sobre a vida econômica, política e social. Entendo que aquela fase de bonança e conformismo que margearam as eleições de 2008 é um cenário que desapareceu.

Nas próximas eleições, a expectativa da população se deparará com outro cenário, bastante reivindicativo, pressionado pela crise, pela piora dos serviços públicos e assim por diante. No entanto, é difícil estabelecer um parâmetro de duração dessa crise.

Acho que o povo de São Paulo deve ficar bastante atento às promessas que foram feitas pelo prefeito eleito e fazer um forte movimento de cobrança e exigências, porque não basta a combinação mídia-marketing para governar a cidade. É preciso projetos estruturais e vontade política para combater privilégios e construir um programa que garanta justiça social, distribuição de renda e boa qualidade de vida a toda a população, e não somente a uma parcela dela.

Gabriel Brito é jornalista; Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania.

Todos às ruas!

30 de março é dia de luta contra as demissões e por estabilidade no emprego

- Contra as demissões, medida provisória emergencial que garanta estabilidade no emprego!
- Redução da jornada de trabalho sem redução de salários e direitos! - Saúde, Moradia e Educação!
- Em defesa dos serviços públicos e dos servidores!
- Reestatização da Embraer!
- Todo apoio à greve dos petroleiros!
No dia 30 de março vamos as ruas lutar contra as demissões que vem ocorrendo no país. A Conlutas, a Intersindical, CTB, UGT, CGTB, CUT, Força Sindical e Nova Central e outras entidades sindicais e populares, entre elas, o MST, convocam os trabalhadores e a população para uma grande jornada de mobilização nesta data. Será um dia de protestos, manifestações e paralisações no local de trabalho.
Os trabalhadores não devem pagar pela crise
O governo Lula e os governos estaduais, os patrões e a grande imprensa insistem em dizer que a crise é passageira e o Brasil é o país mais preparado para enfrentá-la. Tudo mentira!
A crise econômica avança e exige medidas de proteção ao emprego e aos direitos dos trabalhadores.
Na verdade, essa crise é a mais grave dos últimos 80 anos. As grandes economias do planeta estão afetadas: Estados Unidos, Japão, China e Europa. No Brasil, já temos quase 1 milhão de trabalhadores desempregados desde o início da crise.
É uma crise mundial e de todo o sistema capitalista, fruto da ganância dos patrões por lucros cada vez maiores e do fato de que nessa sociedade só se produz para o lucro e não para a necessidade das pessoas. As empresas que lucraram como nunca nos últimos anos, e não dividiram seus lucros, agora não tem como manter os mesmos lucros do passado, por isso, preferem fechar as portas e demitir. É o caso da Vale, Fiat, GM, Embraer e tantas outras.
Quem fez a crise foram os patrões e agora querem que os trabalhadores paguem a conta. Isto é um absurdo!
Governo Lula ajuda os ricos
O governo Lula deve parar de entregar dinheiro aos empresários. Até agora já foram mais de R$ 300 bilhões em recursos públicos destinados aos bancos, às montadoras e aos grandes empresários. Entretanto, eles estão usando esse dinheiro e demitindo os funcionários.
Defender emprego e salário
O que o governo Lula deve fazer é ajudar os trabalhadores e editar uma medida provisória emergencial garantindo a estabilidade no emprego para todos. Se teve dinheiro para comprar banco, pode e deve estatizar as empresas que demitirem. Vamos exigir a reintegração dos trabalhadores da Embraer e a reestatização da empresa sob controle dos trabalhadores. Os bancos também devem ser estatizados e colocados a serviço do fomento da produção, do crédito agrícola e da construção de casas populares, sob o controle da população e com juros subsidiados.
Queremos que o Congresso Nacional aprove a redução da jornada de trabalho sem redução dos salários e sem banco de horas. Vamos garantir a manutenção de todos os direitos trabalhistas e sociais.
Ao invés de dar dinheiro para banqueiros e grandes empresários, o governo Lula deve direcionar esses recursos para a saúde, educação, moradia popular, recomposição das aposentadorias e ampliação dos valores do seguro-desemprego. Realizar um grande plano de obras públicas para gerar emprego e melhorar a vida das pessoas.
Vamos exigir dos governos estaduais e municipais políticas concretas de proteção ao trabalhador: suspensão da cobrança das tarifas de energia, luz, gás, água e IPTU para os desempregados; suspensão do pagamento da dívida interna E plano de obras e empregos nos estados; reforma agrária e passe livre nos ônibus e no metrô para os desempregados.
A unidade entre as centrais deve continuar e exigir a estabilidade no emprego
É importante que todas as centrais sindicais estejam realizando um dia nacional de lutas, o 30 de março, no Brasil contra as demissões. Mas, fazemos um chamado para que essa unidade não pare por aí. Essa luta precisa continuar, fortalecida e unificada. Por isso, a Conlutas conclama às centrais para que rompam os laços que têm com o governo e somem-se à construção de um amplo processo de mobilização nacional na defesa do emprego, salário, direitos dos trabalhadores e de condições dignas de vida para o povo pobre deste país.
É preciso que as centrais sindicais, junto com a Conlutas, exijam do governo Lula a única medida que pode por fim às demissões: uma Medida Provisória Emergencial assegurando a Estabilidade no Emprego.
Por isso, além de 30 de março, é preciso avançar em um calendário de lutas. É necessário marcar uma data de paralisação nacional contra as demissões.
Participe das manifestações em sua cidade!
O ato nacional vai ocorrer na avenida Paulista, em São Paulo, com concentração em frente à Fiesp, às 10h.
Nas outras cidades é preciso que as manifestações, protestos ou paralisações em locais de trabalho sejam organizadas e divulgadas desde já.
Além de uma grande manifestação nacional, o dia 30 de março tem de servir para fortalecer as lutas que estão ocorrendo. A campanha pela reestatização da Embraer, a greve nacional dos petroleiros, a campanha salarial dos servidores públicos federais, a mobilização dos trabalhadores dos Correios que podem entrar em greve dia 1 de abril e muitas outras.
Todos às ruas. A hora de reagir é agora!

Conlutas

Ocupação na Fazenda Guarany organizada pelo Terra Livre em Goiás

Cerca de 80 Famílias organizadas pelo Movimento Terra Livre ocuparam a Fazenda Guarany, na Cidade de Goiás. A fazenda têm aproximadamente 2.000 mil Há. A ocupação se deu na madrugada de domingo.

O objetivo da ocupação é cobrar do INCRA agilidade na obtenção de Terras realizando novas vistorias, tendo em vista que no ano de 2008 o INCRA, não cumpriu as metas de assentar 3.000 mil famílias.

Na avaliação do movimento o INCRA, não assentou nem uma famílias nova, porque das 430 famílias anunciadas, 4.000 foram reposição nas parcelas retomadas, 130 Famílias estão na condição de Pré-Assentamento porque estão morando em barracos de lona e não receberam nem o crédito inicial.

Contato: Zelito (062) 8412 6373.
Coordenação Estadual/GO
Mov. Terra Livre

MOVIMENTO TERRA LIVRE
Rua: 237 n° 525 sala 01 Q.92, lt. 12/14
St. Leste universitário, CEP: 74605-160
Fone fax: (062) 3093-7572/
terralivre.go@gmail.com

Greve geral na França mobiliza entre 1,2 milhão a 3 milhões de pessoas

Greve geral mobiliza centenas de milhares na França

Daniela Fernandes - BBC Brasil

Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas da França nas mais de 200 manifestações organizadas para reivindicar a adoção de medidas para proteger o emprego e melhorar o poder aquisitivo, na segunda greve geral convocada em menos de dois meses.

Os protestos desta quinta-feira reuniram, segundo a polícia, 1,2 milhão de pessoas - mais do que na última greve geral, realizada em 29 de janeiro. Na ocasião, a polícia calculou em um milhão o total de participantes.

Os sindicatos, porém, alegam que a paralisação desta quinta-feira mobilizou três milhões de pessoas - 500 mil a mais do que em janeiro, de acordo com os organizadores.

Paris, Marselha e Grenoble estão entre as cidades em que houve grandes passeatas nesta quinta-feira.

Transporte e educação

A greve geral afetou principalmente o transporte ferroviário, com 36% de grevistas, segundo a estatal SNCF, e o setor da educação, que registra 30% dos professores em greve, de acordo com o governo.

A greve também atingiu vários outros setores. Na France Télécom, o número de grevistas totaliza 25%, segundo a direção da empresa de telecomunicações. Na estatal de eletricidade EDF, o total é de 17,5%, também de acordo com a empresa.

Os metrôs e ônibus em Paris foram menos afetados do que o sistema ferroviário. De acordo com a empresa que opera os ônibus e o metrô da capital, o número de grevistas é de 12%.

No aeroporto de Orly, nos arredores de Paris, 30% dos voos foram cancelados nesta quinta. O aeroporto Charles de Gaulle foi menos atingido pela greve, com 10% de voos suspensos, de acordo com a direção dos aeroportos.

O clima de tensão social é crescente na França. Desde a greve no final de janeiro, a situação se deteriorou ainda mais no país em razão de vários novos planos de demissões anunciados pelas empresas.

O desemprego na França já atinge 2,2 milhões de pessoas, o equivalente a 8,2% da população ativa. Em janeiro, o número de novos desempregados, 90 mil, foi o maior já registrado em apenas um mês.

Como em janeiro, a greve desta quinta-feira conta com uma forte presença de trabalhadores do setor privado, fato até então atípico em greves na França, normalmente realizadas por funcionários públicos.

Trabalhadores das montadoras Peugeot Citroën e da Renault, além de empregados do Carrefour, Total, Rhodia e Saint Gobain, entre outras companhias, também participam dos protestos em Paris.

Por outro lado, o funcionalismo público teria tido uma participação menor nas manifestações desta quinta-feira do que em janeiro.

Sem novas medidas

O governo francês descartou, no entanto, a possibilidade de anunciar novas medidas sociais.

Após a paralisação de janeiro, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, convocou os sindicatos para uma reunião, realizada em fevereiro.

Após o encontro, o presidente anunciou um pacote de 2,6 bilhões de euros, que inclui reduções fiscais para a classe média, novos benefícios sociais para famílias de baixa renda e medidas para estimular a criação de empregos para jovens.

O primeiro-ministro, François Fillon, afirmou na segunda-feira que o governo não pretende liberar novas quantias para não aumentar a dívida pública.


Fonte: Conlutas